Constipação intestinal crônica na infância ou intestino preso: como tratar?
Você já tentou todos os alimentos conhecidos para combater o intestino preso do seu filho e ainda assim nada de resultados efetivos? Cansou de ouvir as amigas dizerem para oferecer ao seu filho a famosa “água de ameixa”, mamão ou até mesmo o bagaço da laranja?
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Constipação intestinal crônica na infância
E de fato você tentou isso tudo e nada solucionou o problema? Meu filho foi diagnosticado com constipação intestinal crônica na infância aos 2 anos e meio.
Aos dois anos e nove meses meu filho simplesmente começou parar de evacuar com a frequência de antes. E logo fui notando que as fezes sempre vinham duras (como cimento), a cada 5-7 dias e com a ajuda de um laxante (usava Minilax) via anal e acompanhada de várias cólicas.
E eu aumentando a quantidade de água e fibras na alimentação e nada de melhora. O intestino preso era nossa realidade. A dor para evacuar era quase “parto”. Confesso que já chorei junto com ele! Até que o pediatra nos encaminhou para o especialista, um gastropediatra.

O diagnóstico
Após um exame de raio-x com enema opaco, o qual foi extremamente doloroso fazê-lo, descobrimos que o Estêvão estava retendo as fezes no intestino, com medo da dor provocada pelas fezes endurecidas certamente.
O exame mostrou a ultima porção do intestino (anterior ao reto) completamente dilatada (aumentada) devido a quantidade de fezes interrompendo o trânsito intestinal.
Logo a orientação médica foi a de administrar muitas medicações com fibras (solúveis e manipuladas), óleo mineral e até laxante em gotas. Além de uma dieta alimentar rigorosa, restringindo alimentos que contribuem com intestino preso como como queijo, goiaba, caju.
E acrescentando muita quantidade de alimentos que tem fibras como aveia, laranja, alimentos integrais. Enfim o intestino preso tinha uma explicação concreta!
As causas da Constipação Intestinal Crônica
A constipação intestinal crônica na infância ocorre por conta decisão feita pela criança para retardar a evacuação após uma experiência dolorosa.
Em alguma ocasião da vida a criança pode apresentar fezes endurecidas, que pode ser decorrente: dieta pobre em fibra, pouca ingestão hídrica, falta de desejo de ir ao banheiro da escola ou prática inadequada do treinamento de desfralde (fazer xixi no vaso).
As fezes mais consistentes e maiores podem estirar e irritar o canal anal e se o trauma persistir pode ocorrer a formação de uma fissura no canal anal, o que torna extremamente doloroso as evacuações, mesmo de fezes mais amolecidas, segundo Moreira Jr.
As crianças em sua maneira concreta de pensar reagem ao fato, evitando sentir dores e, assim, quando sentem vontade de evacuar decidem adiar a defecação, se possível, para sempre.
Dessa forma, as fezes acumuladas no reto, devido o medo de sentir dor, é o ponto crucial da constipação na infância e propicia o início de um círculo vicioso seguido por comportamento de retenção, aumento da consistência e bolo fecal, tornando mais dolorosas as evacuações e, assim, perpetuando o quadro da constipação.
O comportamento de retenção se caracteriza por atitudes adotadas pela criança, em geral na faixa pré-escolar, fase do início do desfralde, a fim de evitar a evacuação.
Quando a criança percebe o desejo de evacuar, assume atitudes para que haja o retorno das fezes para o reto e sigmóide e, assim, sublime o reflexo de defecação, segundo Moreira Jr.
A constipação intestinal crônica na infância é caracterizada pela manifestação da contração até a exaustão do esfíncter externo do ânus, da musculatura pélvica e dos glúteos.
Na prática, os familiares percebem a atitude da criança e alguns referem que percebem que, além da criança contrair os glúteos, chegam a ficar na ponta dos pés.
A retenção de fezes no reto ocasiona também demora nos reflexos neurais de esvaziamento gástrico e do trânsito no intestino delgado, levando à diminuição do apetite, dor e distensão abdominal.
Além disso, quando a retenção de fezes no reto persiste, pode ocorrer perda de fezes formadas, macias ou semilíquidas da superfície ao redor da massa fecal endurecida.
Esta perda involuntária de parcela do conteúdo fecal conseqüente à retenção de fezes no reto é constituída por fezes e muco, sendo denominada escape fecal ou soiling.
Crianças que apresentam escape fecal freqüentemente estão com suas roupas íntimas sujas e por isso ficam malcheirosas, sofrendo discriminação em ambientes sociais e muitas vezes sendo penalizadas pela própria família que julgam que a perda fecal é voluntária.
A freqüência do escape fecal é variável dependendo do grau de impactação fecal, podendo ser esporádica ou até várias vezes ao dia.
Nesta última situação, considerando que o conteúdo fecal expelido pode ser de consistência amolecida, há casos em que a família acredita que a criança está apresentando diarréia, ainda segundo Moreira Jr.
A constipação no cotidiano do meu filho
Estêvão apresentou todos os sintomas citados acima: Tinha o apetite bastante reduzido, o abdome distendido. Todavia não me lembro dele contrair os glúteos ou ficar nas pontas dos pés para reter as fezes!
Imagino que a cabecinha dele concentrava uma confusão de informações, já que estava no período de desfralde, e sabemos que este momento não pode vir acompanhado de dor.
Além dos sintomas, meu filho apresentou também muitos escapes, sujando roupas e era exatamente por isso que ele acabava usando fraldas, já que eram escapes que pareciam diarreia e muito, mas muito mal cheirosas!
O tratamento
O Estêvão estava na época do desfralde, e o tratamento para constipação intestinal crônica na infância prolongou o processo ainda mais, pois as medicações que ele tomava induzia o intestino dele trabalhar, provocando diarreias de duas a três vezes ao dia.
E com isso haja fralda. E as fezes eram fezes como as de um recém-nascido. Meu pequeno fazia cocô sem sentir. Este tratamento durou uns cinco meses aproximadamente.
Estêvão com mais de três anos e o tratamento não se estabilizava, e a quantidade de medicamentos laxativos só aumentava. Sem contar o preço desses remédios, que eram caríssimos também.
Certo dia, decidi arriscar e troquei de gastropediatra. Conheci a dra. Valéria Klem (CRM 11833 GO). Eu já não estava suportando ver meu filho sabendo fazer xixi no vaso e permanecendo o dia inteiro de fralda porque poderia evacuar a qualquer momento.
A dra retirou sessenta por cento da medicação que o Estêvão tomava. O tratamento com esta nova médica envolve apenas a medicação manipulada, inicialmente.
E a vida agora melhorou. Agora meu filho evacua normalmente posso dizer. Fezes com textura de “pasta de dente”. E com isso, o Estêvão foi aprendendo a conhecer o próprio corpo, a segurar a vontade de fazer cocô e ir fazer no vaso, como é com o xixi.
Esta é a diferença de um bom profissional para um excelente. Neste caso o bom profissional me fez perder tempo! E o excelente nos encaminhou para uma qualidade de vida melhor.

O intestino preso vez ou outra aparece se a alimentação foge da dieta. Mas é assim que dia após dia estamos aprendendo a lidar com este novo estilo de vida do meu pequeno.
Convivendo com o intestino preso
Segundo a gastropediatra, a dieta alimentar, a prática de exercícios físicos e a ingestão de muita água são hábitos que temos de ensiná-lo agora, para que a qualidade de vida na fase adulta seja de fato conquistada, e a constipação intestinal crônica na infância seja amenizada.

Nos dias atuais Estêvão toma medicação manipulada (PEG 4000 é um pó misturado ao suco diariamente) e um medida de fibra solúvel (usamos o Fiber +, da Nestlé).
O intuito é que ele permaneça tomando durante a vida toda apenas as fibras solúveis. Entretanto, ela só tem efeito se administrada com bastante água, o que contribui para que novos hábitos sejam adquiridos ainda na infância.
Seu filho sofre de constipação intestinal? Vem conversar comigo nos comentários sobre isso! É um assunto tão comum!
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