Fui mãe antes de ser titia, e no último fim de semana tive a honra de ver meu sobrinho nascer através de um parto cesárea humanizada.
Achei toda a assistência que minha cunhada teve bastante humanizada, com isso decidi conversar sobre este assunto, afim de desmistificar alguns mitos, vamos lá?
“Para mudar o mundo precisamos mudar a forma de Nascer” – Michel Odent
O que é parto humanizado?
Parto humanizado é sinônimo de deixar a natureza cumprir seu papel, realizando o mínimo de intervenções desnecessárias e deixando que a mulher assuma o papel de protagonista de todo o processo.
Mais ainda, podemos dizer que é assumir uma postura respeitosa quanto aos desejos e necessidades da mãe e do bebê, levando em conta sempre sua saúde e bem-estar.
“Parto Humanizado é só via vaginal”
Parto humanizado independe de via. Você vai compreender neste artigo o que torna um parto cesárea humanizado, visto que a expressão “parto humanizado” faz referência à assistência humanizada, e não ao tipo de parto.
Não vamos nos ater à questão de que a cesárea é uma cirurgia de grande porte e que deve ser realizada apenas em determinadas indicações médicas e para salvar o bebê e/ou a mãe.
Entretanto é necessário desfazer a crença de que parto humanizado é apenas parto na água, parto em casa, partos via vaginal.
Parto Humanizado é parto sem intervenção desnecessária. Parto Humanizado respeita o processo de parir, quando via vaginal.
Parto Humanizado respeita o recém nascido, mantendo-o próximo de sua mãe a todo momento, favorecendo ainda a primeira amamentação em sua primeira hora de vida.
Parto Humanizado permite a presença constante do acompanhante.
No Parto Humanizado, o cordão umbilical é cortado após parar de pulsar e por quem a futura mamãe desejar. Ao inserir o protagonismo com respeito (emocional inclusive) para o bebê e para a mulher, a humanização acontece.
Você sabia que em um parto cesárea humanizada o ar condicionado não fica ligado? Isso na verdade, em qualquer via de parto. E pense só o detalhe da humanização.
É ideal o bebê sair do útero, um lugar quentinho e chegar nesse mundo com frio do ar condicionado? Não, né?
Quais as vantagens e desvantagens do Parto humanizado?
São inúmeras vantagens, para os bebês e para a mulher. Vamos conhecê-las?
Vantagens para o bebê
Se você já conhece o conceito da exterogestação, vai entender que quanto menos estresse e uso de medicamentos envolvidos no processo, menor os riscos de complicações durante o parto.
O bebê precisa nascer em um ambiente harmônico, respeitoso. Em partos normais além de desligar o ar condicionado, costuma-se desligar as luzes também, já que o útero não é claro como aqui fora. A ideia é que a passagem do bebê para o mundo real não seja tão abrupta!
Vantagens para a mulher
É indescritível o conforto e apoio emocional na assistência humanizada. Imagine você, no melhor momento da sua vida (conhecer seu tão sonhado bebê), com pessoas estranhas (os médicos e enfermeiras). Não é nada agradável não é mesmo?
Ainda bem que a presença do acompanhante é lei, independente da via de parto. E mais, conforme algumas maternidades (em sua maioria particulares), é possível a presença de doulas, fotógrafos e até que familiares assistam o bebê nascer.
Isso para qualquer via de parto, mas aconteceu com meu sobrinho, eu vi ele nascer, vi a emoção do meu irmão, minha cunhada estava ainda com a doula que ela escolheu e ainda dois fotógrafos registrando o melhor momento de nossas vidas!
Todo este apoio à mulher gera uma percepção positiva sobre o parto. Proporcionar a experiência do parto humanizado a uma mulher é devolver a ela o protagonismo da maternidade, que acaba que se inicia no parto, com o nascimento do bebê!
PARTO HUMANIZADO é proporcionar a mulher o resgate de seu protagonismo no início da maternidade.
É também quebrar paradigmas, acreditar na fisiologia da gestação.
Parto Cesárea Humanizada, é possível?
Claro que é! Se você chegou até aqui, certamente já compreendeu que o atendimento respeitoso e humanizado cabe em qualquer tipo de parto. Mas, vou pontuar aqui o que acontece no parto cesariano que o torna humanizado.
A presença de uma doula
Não uma obrigatoriedade, mas preciso salientar que a presença desta profissional com certeza deixará a gestante mais confiante, tranquila, calma.
Isso porque o papel da doula não começa durante o parto. A preparação do parto começa antes. E é nesse momento que a doula vai preparar a gestante física e emocionalmente para o parto. E sim, para o parto cesáreo também!
Podemos dizer que a presença da doula é uma certa garantia de que os procedimentos humanizados serão cumpridos, especialmente aqueles referente ao bebê.
Amamentação na 1° hora de vida do bebê
O leite, e inicialmente o colostro, só será produzido se estimulado. E isso acontece através da sucção do bebê, com hormônio ocitocina .
Este hormônio também contribui com a contração uterina, contribuindo para que a mãe perca menos sangue após o parto.
Se o bebê sugar o seio antes de a placenta sair, a ocitocina liberada pela amamentação pode acelerar o processo de expulsão da mesma (em um parto via vaginal).
Isso sem falar na importância para o vinculo afetivo entre mãe e bebê, ajudando também na “descida do leite”.
Corte do cordão umbilical após pulsação do mesmo
Este procedimento garante que o sangue que circulava na placenta retorne para o bebê, trazendo muitos benefícios, como aumento dos níveis de hemoglobina e ferritina, protegendo o bebê contra anemia na primeira infância.
Respeito com o recém nascido
Este respeito acontece de forma natural se imaginar toda situação de nascimento com empatia, se colocando até mesmo no lugar do bebê: antes de nascer vivia em um ambiente apertado, porém quentinho onde era alimentado de acordo com a própria demanda.
Foi partindo desta empatia que algumas decisões de humanização (e exterogestação também) foram idealizadas. Pensando no recém nascido mas jamais esquecendo de como era o ambiente uterino em que ele viveu, lembrando ainda das memórias que o bebê gerou em todo esse processo!
Há ainda procedimentos que foram realizados imediatamente após o nascimento do bebê que são considerados extremamente invasivos. Estes procedimentos eram realizados em todos os bebês, sem questionar a real necessidade.
Estou me referindo à aspiração, aplicação de nitrato de prata nos olhos e o banho, que sempre foi no dia do nascimento.
A aspiração, conforme alguns profissionais é extremamente invasiva para o recém nascido. Nitrato de prata é aplicado apenas caso a mãe apresente resultado positivo para a bactéria Gonococo, afim de se prevenir a conjuntivite em caso de parto via vaginal.
Entretanto, a aplicação desse colírio aconteceu por anos a fio de modo automáticos inclusive em bebês cujo parto era cesariano.
Quanto ao banho, é imprescindível que seja realizado após o bebê ter 24 h de nascido. Isso porque o vérnix (substância gordurosa que cobre o bebê) protege o bebê contra ações bacterianas.
E este sai sozinho, a pele o absorve. Então pra que pressa de retirá-lo no momento que o bebê nasce? Lembrando que quanto mais madura a gestação, menor a quantidade de vérnix do bebê.
Agora quero ouvir a sua experiência leitora, você teve um parto cesárea humanizada?
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