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Como é o desenvolvimento da fala infantil? Veja aqui o que esperar!

Como é o desenvolvimento da fala infantil

Há um tempo a professora do meu filho disse não entender algumas coisas que ele falava. Na época ele tinha cerca de três anos e seis meses.

Levamos ao Fonoaudiólogo e constatamos que e evolução da fala do Estêvão estava de acordo com o esperado, com a idade dele.

Afim de aprofundar o assunto, procurei ajuda de um profissional em fonoaudiologia que tirou todas as minhas dúvidas sobre a o desenvolvimento da fala infantil e sua evolução e ainda o que esperar em cada idade. 

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Aos 12 meses

Segundo Simone Rosa, a coordenação motora da criança se aprimora a partir dos 12 meses (juntamente com os primeiros passos), quando ela passa a correr sem cair, chutar a bola e até  abrir uma bala sozinha.

Aos 18 meses os fonemas plosivos /p/, /b/, /t/, /d/, /k/, /g/ e os nasais /m/ e /n/ são adquiridos. Com quase 2 anos inicia-se os fonemas fricativos /v/ e /f/ , embora esta classificação seja proposta na literatura outros sons também podem aparecer neta fase.

Com a ajuda dos adultos o bebê faz verdadeiras conversas. Nesta fase a linguagem usada na conversação é simples e reduzida ao “aqui e agora”(por exemplo, fala sobre objetos não presentes como se estivessem presentes).  

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A criança já tem capacidade de esperar a sua vez para falar e usa diferentes formas para chamar a atenção de uma pessoa. Já é capaz de chamar a pessoa pelo nome e espera uma resposta.

As produções de fala das crianças são sempre pontuais, com no máximo duas palavras, geralmente composta por um substantivo ou verbo.

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A criança compreende palavras mais simples e de maior ocorrência na vida cotidiana (comer, passeio, dormir, etc.), as que designam os objetos mais familiares (ursinho, boneca, carrinho etc.), os alimentos e as roupas que veste.

A habilidade de compreender a linguagem falada é maior do que a de falar, tanto que ela reconhece os nomes dos membros da família, embora não necessariamente os pronuncie.

Ela também faz uso de objetos, explorando-o de muitas maneiras diferentes (balançando, batendo, atirando, soltando) e os utiliza corretamente (beber no copo, escovar o cabelo, telefonar).

O controle motor é adquirido entre 1 e 2 anos. As principais características são os surgimentos das primeiras palavras (normalmente “mamãe” e “papai”).

Nesta fase a criança apresenta um vocabulário de aproximadamente 10 a 50 palavras em sua linguagem falada Os sons plosivos e nasais são os primeiros adquiridos em crianças com desenvolvimento da fala infantil (fonológico) normal.

Aos 2 e 3 anos

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O processo de desenvolvimento da fala infantil na idade de 2 a 3 anos é constituído pela construção de frases. Elas surgem de modo bem simples, mas com grande significado como, por exemplo “chão” para expressar que “caiu no chão”. 

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Com a aquisição de um vocabulário mais rico começam a aparecer as frases afirmativas e negativas compostas por 3 e 4 elementos, mas com omissões de palavras (preposições, os artigos e os pronomes) com alterações de concordância, desvios de flexionamento nominal e inversão dos elementos, como por exemplo: “Qué casa vovó não”; “Sapato é minha pai”; “Esse meu bola”.

Há também nesta fase uma explosão do vocabulário, apresentando cerca de 200 a 400 palavras que incluem nomes, brinquedos, alimentos, roupas, animais e alguns verbos.

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Os fonemas /s/, /z/, /ch/, /j/ são de aquisição mais tardia na classe dos fricativos. Com 2 anos o fonema /z/ já aparece na fala; com 2 anos e 6 meses os /s/ e /j/; e com 2 anos e 10 meses o /ch/.

Os fonemas líquidos no processo de desenvolvimento da fala infantil são marcados pela aquisição mais tardia devido a sua complexidade articulatória e fonológica. Dentro desse grupo o /l/ é a primeiro a ser dominado pelas crianças a partir dos 2 anos e 8 meses.

Apesar da explosão do vocabulário adquirido pela criança, ela ainda não domina todos os fonemas (sons) da fala, portanto é esperada algumas trocas em sua fala que são normais e chamadas de simplificações fonológicas (ou processos fonológicos ou estratégias de reparo).

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Essas simplificações fonológicas são trocas de sons mais difíceis (que na verdade são adquiridos mais tardiamente) pelos mais fáceis.

No entanto, esses “erros” na fala da criança vão desaparecendo gradativamente. Com 2 anos e 6 meses algumas simplificações fonológicas começam a ser superadas:

  • Redução de sílaba: quando há perda de uma das sílabas do vocábulo. Ex. xícara – “xica”.
  • Harmonia consonantal: um fonema sofre a interferência de um vizinho que antecede ou o segue. Ex. pipoca – “pipopa”.
  • Plosivação de fricativa: o modo de articulação do fricativo é transformado no plosivo. Ex. faca – “paca”, sopa – “topa”.

Nesta idade, o desenvolvimento da fala infantil também é marcado pelas brincadeiras simbólicas (lúdicas), como brincar com boneca ou super heróis como se fossem situações reais, contar histórias com auxílio do adulto.

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Nesta última mencionada a criança narra (conta) com auxílio de perguntas do outro sobre o lugar (onde), os acontecimentos (o que) e pessoas (quem).

Fase chamada de proto narrativa, ou seja, a criança ainda não consegue elaborar textos que possam ser adequadamente classificados como narrativas, ela depende da intervenção das perguntas do adulto que a colocam numa situação de complementaridade e é respondendo àquelas perguntas que ela inicia os primeiros passos para a construção de narrativas. Exemplo:

  • “Onde você foi?”

“na icóla” (na escola);

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  • “O que você fez lá?”

“binco” (brinquei);

  • “E o que mais?”

“comeu e mimi” (comi e dormi).

A criança também faz uso da linguagem falada para pedir, informar, perguntar, interagir com as habilidades conversacionais.

Estas habilidades se estabelecem em diálogos com as pessoas sobre contextos conhecidos, concretos e que ocorrem no presente.

Uma conversa curta é iniciada, mas não por muitos turnos, logo a criança se dispersa e não se atem ao tópico da conversação.

Após os 2 anos,  a criança é capaz de mover os dedos das mãos com maior precisão. Ele pega melhor lápis, giz de cera, escova os dentes e até tenta usar tesouras. 

Ela passa a correr, subir nos móveis, subir degraus e consegue andar de triciclo. Isso tudo é linguagem. Há inclusive especializações exclusivas nessa área da fonoaudiologia.

Aos 3 e 4 anos

O desenvolvimento da fala infantil na idade de 3 e 4 anos é caracterizado principalmente pela compreensão da fala, que apesar de ainda apresentar alguns processos fonológicos (troca os sons) em sua fala, a criança é compreendida com clareza por estranhos. Entende-se 50% de tudo o que a criança fala, nesta fase.

O vocabulário é marcado por aproximadamente 400 a 600 palavras. E há ainda um aumento significativo de nomes, verbos e adjetivos.

Nessa idade a criança adquire algumas preposições (em, sobre, com) e começa a fazer uso de pronome pessoal “eu”. O plural é usado com clareza também:

– Usa plural (“cães”, “carros”, “chapéus”);
Aquisição dos fonemas/sons

– O fonema /R/ é adquirido, por volta dos 3 anos e 4 meses (/Rato/, /Rua/).

Nessa idade as seguintes simplificações dos sons começam a ser superadas:

  • Posteriorização para velar: um fonema produzido com os lábios ou ponta da língua se transforma em um produzido com o dorso da língua. Ex torta – “corca”, dado – “gago”
  • Simplificação de líquidas: esse processo inclui a substituição, a semivocalização e a omissão das liquidas. Ex. lápis – “iapis”.

Nesta idade já ocorre composição de frases, e estas são compostas por 5 a 6 elementos e já formam frases interrogativas (perguntas) utilizando pronomes “de quem” e “qual”; essa é a fase dos “porquês”;

A criança consegue fazer uso de tempos verbais no presente, passado e futuro, mas ainda há desvios de flexionamento verbal por generalizações de regras. Exemplos:

“Eu pego pra você” – presente

“Papai vai comprá pra mim” – futuro

“Eu nadei na piscina” – passado

“Eu que comei o doce” (eu que comi o doce);

Ela utiliza os artigos determinados, respeitando as regras de flexionamento de gênero (as de número podem não ser utilizadas por influência cultural). Exemplos:

“Dá a bola e o palhaço”

“Não pega as minha meia!” (não pega as minhas meias).

O “contar histórias” nesta faixa etária relata experiências imediatas, ou seja, aquelas que estão ocorrendo no momento em que a questão é feita.

Na narrativa de histórias, há dificuldades em manter a coerência e coesão, omite elementos secundários, insere fatos não verdadeiros. Fase da narrativa primitiva. 

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Exemplo: “Era uma vez uma bruxa. Ela dava uma maçã pra branca de neve. Aí ela chama o caçador, mas a branca de neve foge”. Foge pra onde? “pra casa dos anões. Eles gostam da branca de neve”.

E aí? “aí, aí aparece um lobo. O caçador mata o lobo. O príncipe mata o lobo. Eles casa no castelo”.

Nas brincadeiras, a criança se joga espontaneamente com duas ou três pessoas, atribui funções sociais em jogo fingir, como por exemplo – “Você será mamãe”,”eu serei papai”..

As habilidades conversacionais apresentam mais turnos simples do que expansivos. Se não é entendida, não se auto-corrigem, repete exatamente o que disseram.

Há também a adaptação da linguagem às necessidades do interlocutor. Por exemplo, fala de forma diferente quando se dirige a bebês, ou crianças muito mais novas que ela, e usa formas indiretas ao fazer pedidos. 

E ainda faz uso das funções comunicativas: pede, protesta, nomeia, faz perguntas sobre referentes ausentes, usa expressões sociais para interagir. A função predominante é a informativa.

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O desenvolvimento da fala infantil  é marcado por:

– Compreender os conceitos de igual e diferente;

– Responde se ela é um menino ou menina;

– Entende o conceito de contagem e pode conhecer alguns números.

Simone Rosa é fonoaudiólga, graduada pela PUC-GO , com especializacao em fonoaudiologia hospitalar pela UFG. É casada e mãe da pequena Isabela de 3 anos. Leia ainda sobre a adolescência dos bebês, que ocorre simultaneamente ao processo de desenvolvimento de fala infantil.

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1 comentário em “Como é o desenvolvimento da fala infantil? Veja aqui o que esperar!”

  1. Pingback: Marcos do Desenvolvimento Infantil de 3 a 5 anos. O que esperar?

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